É de conhecimento comum que ler
faz bem para a saúde mental. Ler estimula a criatividade, enriquece o vocabulário, reduz
o stress, melhora a concentração, e pode proporcionar conhecimento e momentos de
reflexão sobre a vida. Os benefícios são inúmeros, todavia, existe um gênero
literário específico que pode contribuir ainda mais para a saúde mental, levando o leitor a lugares mágicos e inexistentes e a realidades
alternativas onde tudo funciona diferente, até mesmo as leis da física: o
gênero fantástico.
O gênero fantástico é uma ficção
com a adição de elementos fantásticos, por isso, pode ser também chamado de ficção
fantástica. Ele se divide em três subgêneros principais: a fantasia, o terror e
a ficção científica. Desses três subgêneros, a fantasia é a que mais se destaca,
principalmente pela popularidade das obras de Tolkien, autor de O Senhor dos
Anéis, C.S.Lewis, autor de As Crônicas de Nárnia e J.K.Rowling, autora de Harry
Potter. No Brasil, alguns autores se destacam como Eduardo Sporh, autor de A
Batalha do Apocalipse (VERUS Editora), Leonel Caldela, autor da trilogia Tormenta
(editora JAMBÔ), e L.P.Faustini, autor da saga Maretenebrae (AVEC Editora).
O estímulo à criatividade
é a principal contribuição das obras de fantasia, já que elas apresentam um
mundo imaginário, com criaturas míticas e tramas relativamente complexas, que
forçam o leitor a um exercício constante de imaginação e abstração – um desafio
a explorar possibilidades além do cotidiano. Tanto esforço imaginativo, leva o
leitor à segunda contribuição do gênero literário: prevenir o declínio cognitivo.
Afinal, com tantos detalhes, seguir a trama, fazer conexões do enredo e lembrar
da aparência de cada criatura mítica em um determinado cenário que só existe
nas páginas da obra, é preciso muito foco e concentração, memória e capacidade
de raciocínio. Esta fuga saudável do cotidiano, proporcionada pela leitura de
fantasia, gera um imediato alívio do stress e redução da ansiedade. Entrar
em mundos fictícios e se afastar dos seus problemas, mesmo que por alguns
minutos, funciona da mesma forma que uma sessão de ioga: recarrega as energias
mentais, tornando os desafios do mundo real mais encaráveis.
Por fim, no âmbito social, ao se
afeiçoar por personagens bem construídos, sejam eles protagonistas, anti-heróis,
ou vilões, torcendo pelas suas trajetórias, há um claro desenvolvimento de
empatia, no que o leitor experimenta diferentes perspectivas e emoções
ligadas ao personagem. É, de certa forma, uma compreensão mais íntima e
profunda da natureza humana e gera uma conexão real, embora no âmbito fictício,
que pode se estender a relacionamentos não-fictícios.
Acima de tudo, uma obra de
fantasia bem construída, que promove histórias de superação, coragem e
resiliência, pode inspirar e motivar o leitor a enfrentar seus próprios
desafios com mais determinação, principalmente se ele se identificar com o
personagem que se supera a cada página. A jornada do herói, comum no gênero, é
um enredo que oferece modelos de comportamento e valores que podem ser
aplicados na vida real, inspirando ações positivas e construtivas.
A literatura fantástica vai além
do mero entretenimento. É um gênero literário que tem um impacto profundo e
positivo na saúde mental de quem o lê. Ao mergulhar em mundos imaginários,
encontra-se maneiras de melhorar a realidade, tornando indivíduos mais
completos e resilientes.