quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sobre o capítulo I e a primeira parte do livro (Reminiscências)

L.P.Faustini:

Talvez um dos capítulos mais discutidos de toda a narrativa foi o capítulo I. E afirmo que ele foi o último a ser escrito. É lógico: tínhamos o esboço dele, uma vaga idéia, apenas para continuarmos escrevendo. Mas faltava um cenário. E queríamos esconder a identidade dos personagens. No entanto, o mais importante era que queríamos que este diálogo travado entre estes personagens misteriosos estivesse ligado ao fim do último livro (sim, o último dos últimos será o encerramento do diálogo). Quando escrevemos a última página de "A Queda de Sieghard", voltamos para o capítulo inicial, dessa vez com várias idéias geniais e conseguimos completá-lo satisfatoriamente.

Os 6 primeiros capítulos formam a Primeira Parte do livro. No início, pensamos em um prólogo, mas acabou ficando muito grande. Queríamos passar a história da guerra, deixando de lado os protagonistas (que só entram no capítulo VII) para apresentar grandes ícones do romance: Sir Nikoláos, Linus, Marcus II e os Turayyas. Não podíamos fazer um prólogo com 6 capítulos. Daí foi decidido dividir o romance em partes e colocar o título da primeira parte de Reminiscências - que funciona como um prólogo. No capítulo II a narrativa vai ao passado para mostrar a realidade contada pelo velho no cárcere do capítulo I com muito mais detalhes. Mais tarde o diálogo continua no capítulo IV e VI para iniciar a Segunda Parte (Dias de Conflito).

Talvez o mais inovador capítulo da primeira parte seja o quinto: Retalhos de uma guerra, onde são apresentadas as observações feitas no diário de campanha de Sir Nikoláos. O diário representa os olhos deste oficial, que é o braço direito do rei. Sir Nikoláos foi enviado para reter as tropas inimigas. Ao ler o capítulo, você sente como se estivesse lá, se preparando para a guerra. Vendo, ouvindo e pensando como o general. O capítulo também se torna um item para o leitor refletir sobre o destino de tal diário: O que será que aconteceu com ele? Onde ele está agora?

R.M. Pavani:

Este capítulo certamente foi o mais difícil de ser escrito. Logo quando LP me chamou para tomar parte no projeto do livro, e começamos a tirar as ideias da cabeça para colocá-las no papel, nossa maior dificuldade era construir o pano de fundo por onde nossos personagens agiriam. Todos os sete haviam sido concebidos previamente, e também foram necessárias umas boas horas de reunião para dar-lhes vida. Sabíamos que haveria uma invasão, uma guerra, um encontro inesperado, a formação de um grupo. Mas, e no nível estrutural? O que estaria ocorrendo? Escrevemos duas versões do que seria o nosso primeiro capítulo, sendo que em uma delas (a que, como vocês devem ter percebido, foi retirada) havia um tutor e um pupilo conversando. Esse tutor era um dos protagonistas (e não adianta implorarem, eu não lhes direi de jeito nenhum!), e seu pupilo, embora não fosse do grupo dos sete aventureiros, era uma figura importante dentro de Sieghard (e eu também não vou dizer quem é a figura, ao menos não enquanto a vendagem do livro não atingir a cifra de 1 milhão!). Basicamente, o mestre ensinava a respeito da Grande Guerra, contando o seu ponto de vista da história. Essa descrição seria delineada ao longo de toda a obra. A outra versão, que havíamos pensado primeiro e era muito mais complexa, com a visita inesperada de dois viajantes a um prisioneiro moribundo era muito mais complexa. Não sei se por pressa ou preguiça mesmo, deixamos essa parte arquivada. Até algumas semanas antes de terminarmos de escrever, tínhamos a primeira versão (mais simples) como oficial, mas algo me inquietava. Era necessário mais ação, suspense. Era necessário que aquele capítulo estivesse ligado com toda a história, inclusive pós-livro. E num lampejo de ideias, veio o fascínio de completar a versão arquivada, dando origem ao que vocês lerão quando a obra estiver pronta. Aliás, não somente o primeiro, mas alguns outros capítulos igualmente tiveram de ser modificados, dando coerência ao que propusemos anteriormente. O que assemelha as duas versões é o diálogo entre duas pessoas. Se em uma delas, havia um professor e seu aluno, agora temos um prisioneiro (sem nome, sem passado, sem características físicas marcantes, enfim, que pode ser qualquer pessoa, mas que, por algum motivo muito grave, encontra-se cativo em um lugar inóspito e esquecido) e seu algoz (da mesma forma, um mistério completo). O leitor deverá ler toda a obra nas entrelinhas, mas dobrar a atenção nessas primeiras partes. Alguém poderia perguntar: - Se o prisioneiro era tão perigoso, por que então não foi morto, mas confinado? Sugiro, de imediato, a leitura das obras O Conde de Monte Cristo, de Alexander Dumas e O Nome da Rosa, de Umberto Eco, algumas de nossas infinitas inspirações. Ambas tratam de enigmas e situações misteriosas como essa. Então, sejam todos bem-vindos a Sieghard. Que Destino lhes reserve uma fortuna favorável!

[Ler o capítulo I]

2 comentários:

Diego Borçoi disse...

Boa LP! Fará algum comentário sobre a primeira inspiração que você teve quando leu Stormbringer? Foi aquele livro que te deu o sopro inicial para essa criação, não foi?

Maretenebrae, um épico por L.P.Faustini e R.M.Pavani disse...

Sim, em breve falaremos sobre o que inspirou Maretenebrae, mas já adianto que Stormbringer de M. Moorcock foi uma das grandes inspirações para a trama do livro. Inclusive eu mesmo (L.P.Faustini) entrei em contato com M. Moorcock antes de começar a escrever para falar sobre o romance e ele (o próprio) me deu forças para continuar, agradecendo a preocupação.